terça-feira, 20 de maio de 2008

LANÇAMENTOS

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Todas as semanas publicam-se livros em avalanche, sobre os mais diferentes temas, nas mais variadas categorias. Vamos lançar-te algumas sugestões de leitura: consegues apanhá-las?

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O SÉTIMO SELO, DE JOSÉ RODRIGUES DOS SANTOS
por Miguel Troncão



Para estrear este espaço dedicado aos livros que foram recentemente publicados, decidi nesta edição falar de um livro que, apesar de não ser extremamente recente, está nos escaparates das nossas queridas livrarias à pouco mais de seis meses. Refiro-me pois a esse livro assustador, O Sétimo Selo, cujo autor é José Rodrigues dos Santos.

Escolhi este livro pois parece-me apropriado para a época que vivemos – as consequências do aquecimento global. Apesar de ser considerado romance, penso que mais de metade do conteúdo deriva de pesquisa jornalística, sendo, por isso, uma reportagem disfarçada de romance. O que dá verdadeiro valor ao livro não é tanto a sua história mas sim o seu conteúdo científico, o que seria de esperar, sendo o autor um grande jornalista.

Para vos aguçar o apetite apenas vos digo que o planeta Terra verá o seu Apocalipse de uma de duas maneiras (ou as duas ao mesmo tempo): ou através do aquecimento global, secando a Terra toda; ou então será a falta de petróleo que provocará o caos na humanidade. Porém existe uma grande esperança, que não vos vou revelar, têm de ler o livro.

Espero que vos tenha interessado.

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BOCA DO INFERNO, DE RICARDO ARAÚJO PEREIRA
por João Gramaça


Humor inteligente... Crítica sarcástica... Veia irónica...

A isto se resume o conjunto de pequenas pérolas – estórias como costuma ser dito -, de cariz humorístico que retratam na perfeição a cómica sociedade portuguesa, com o tom característico de Ricardo Araújo Pereira.

De facto, ao longo deste conjunto de crónicas escritas para a revista Visão, é pintado um retrato do que é Portugal – e, ao fim ao cabo, do que é mundo -, destacando os tiques, os defeitos, as falhas, os absurdos que, como nós tão bem sabemos, abundam na nossa sociedade. E isto sempre feito de um ponto de vista totalmente inesperado, mergulhado numa escrita profundamente irónica, o que torna o virar da página um mergulho imprevisível.

É este estilo non-sense , que nos faz lembrar a cada instante Monthy Python e Gato Fedorento, que torna o livro tão apetecível e de fácil leitura- como o sublinha o conseguido posfácio de Manuel Rosado Baptista.

O autor:
Ricardo Araújo Pereira nasceu em Lisboa, em 1974. Licenciado em Comunicação Social pela Universidade Católica, começou a sua carreira como jornalista no «Jornal de Letras». É guionista desde 1998. É autor, com Miguel Góis, Zé Diogo Quintela e Tiago Dores, do Gato Fedorento, actualmente um dos programas de televisão com maior audiência.Escreve semanalmente na revista «Visão» e no jornal «A Bola». Os seus textos, a criação de personagens e a interpretação humorística elevaram-no ao estatuto de principal referência da nova geração do humor em Portugal.
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ENTRELINHAS

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O que define um bom e um mau livro? Será pela beleza da escrita, pelas metáforas complexas? Ou será pela força e consistência do enredo da história, pelas suas personagens?

Diríamos que se define, em primeiro lugar, pelo que que se escreve, e pela forma como é escrito. Mas achamos que, acima de tudo, um bom livro se define pelo que não se diz mas pelo que se transmite, pela emoção que guarda, pelo que está entrelinhas e atravessa aquele limite de letras e frases para ir ao nosso encontro.

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OS MAIAS – A DESMISTIFICAÇÃO
por Miguel Troncão


Hoje gostaria, nesta crónica literária, se desmistificar um livro que tem atormentado as nossas queridas e estimadas cabeças – Os Maias, de Eça de Queirós.

O que vou dizer a seguir não sei se ajudará ou não à leitura do dito cujo, mas vejam o livro como mais uma telenovela da TVI. Isto torna as coisas muito mais empolgantes. Temos irmãos que não sabem que o são; temos um vilão que manda cartas anónimas; temos cartas que revelam que os outros são, na realidade, irmãos. Meus queridos colegas, o que apenas falta nesta bela obra é uma Sofia Alves que faz de cega, de resto temos tudo.

Tem também de ser mencionado o alto nível cómico desta obra, que podia muito bem ser, em vez duma telenovela, uma sitcom, rivalizando com a série Seinfeld. Temos um ateu bêbedo, um novo-rico gordalhufo, uma donzela mais atrevida; só nos falta mesmo um malabarista de motas.

É por tudo isto que acho que não se deve menosprezar este grandioso livro, Os Maias. Leiam-no com prazer.

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AS VINHAS DA IRA, DE JOHN STEINBECK
por João Gramaça


Esta é uma das obras fundamentais da literatura mundial, um poderoso romance que representa um marco na bibliografia norte-americana – afinal só valeu a John Steinbeck o Pulitzer, em 1939, e um importante contributo para o Prémio Nobel da Literatura, em 1962.

Esta obra debruça-se sobre a miséria que as famílias camponesas dos Estados Unidos sofreram nos negros anos da Grande Depressão – década de 30 do século XX – e a forma como enfrentaram o destino.

A história gira à volta da família Joad, uma família de agricultores do Oklahoma, que perde tudo, graças à crise financeira e ao despotismo das grande companhias, e que parte para a California. As relações pessoais vão-se tornando cada vez mais complexas ao longo dos quilómetros que percorrem, na mítica Route 66, em busca de um amanhã melhor, uma esperança vã e que só os leva a afogarem-se cada vez mais na corrente que arrastou a população americana na época. É a saga de uma luta diária pela sobrevivência, de uma fuga constante para a frente, e do modo como as pessoas mantêm a dignidade, mesmo quando tudo se desmorona à sua volta, mesmo quando são alvos de discriminação, mesmo quando são perseguidos e tratados como animais.

Este é um livro com um realismo quase brutal, que apresenta descrições fieís e diálogos fluidos (onde o calão surge várias vezes), tornando quase palpável os ambientes de desânimo, as paisagens desoladoras, a sujidade entranhada nas roupas... Acaba por ser uma história absorvente e tocante, face a toda a pobreza e amargura da existência sofrível e ingénua de uma família arrancada ao conforto do lar.

Aliás, podemos considerar este romance uma crítica contra o poder capitalista, que se aproveita de milhares de pessoas sem argumentos económicos ou políticos para cobrir os seus deslizes, para além de uma análise a vários sectores da sociedade americana da altura – desde os agricultores até aos empresários.

Sobre o autor:
Romancista norte-americano, John Steinbeck nasceu em 1902 em Salinas, no estado da Califórnia. Tendo terminado os seus estudos secundários na sua terra natal, Steinbeck ingressou na Universidade de Stanford com o estatuto de aluno especial, estudando Biologia Marinha.
Durante estes anos de vida académica, Steinbeck estreou-se como escritor, contribuindo com alguns dos seus contos e dos seus poemas em publicações universitárias. Prosseguiu para o jornal The American, de Nova Iorque, trabalhando primeiro como assalariado até chegar ao posto de repórter, acabando depois por regressar à Califórnia.
Enquanto tomava conta de uma propriedade em High Sierra, isolada do mundo pela neve durante oito meses por ano, Steinbeck encontrou o tempo e a disposição para escrever Cup of Gold (1929), The Pastures of Heaven (1932) e To a God Unknown (1933).Em 1935 publicou a obra que lhe garantiria a atenção do público, Tortilla Flat. Seguiu-se-lhe In Dubious Battle (1936). Já em 1937 seria a vez de Of Mice and Men, o primeiro grande sucesso do autor, e The Red Pony, adaptado para o cinema em 1949. Obteria o reconhecimento do público em 1939, ao ser galardoado com o Pulitzer e com o National Book Award pela obra The Grapes of Wrath.
A popularidade da obra assumiu proporções tais que, especialmente após a estreia da versão cinematográfica, em 1940, John Steinbeck optou por se exilar no México, onde filmou o documentário da obra Forgotten Village (1941).
Durante a Segunda Guerra Mundial foi correspondente na Grã-Bretanha e Mediterrâneo para o New York Herald Tribune, e dedicou-se à propaganda, da qual The Moon is Down (1942) é um exemplo. Regressou em 1943 a Nova Iorque, casando, nesse mesmo ano, com a cantora Gwyndolyn Conger, de quem teve dois filhos, acabando contudo por se divorciar em 1949. Tendo publicado Cannery Row em 1945, The Wayward Bus e The Pearl em 1947, e A Russian Journal no ano seguinte, o autor encontrou no consumo excessivo de álcool um analgésico para a frustração da separação e da vida na cidade, longe das montanhas de Monterrey e dos vales férteis da sua Salinas natal.
Em 1950 contraiu matrimónio com Elaine Scott e dois anos depois apareceria East of Eden.. Durante grande parte do ano de 1959 Steinbeck refugiou-se numa propriedade rural inglesa e, de regresso, publicou o seu último grande romance, The Winter of Our Discontent (1961).Veio a falecer em Nova Iorque a 20 de Dezembro de 1968, vítima de um ataque cardíaco.
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PRATELEIRA

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Há alturas em que não temos uma noção concreta do que queremos ler: existe apenas o querer um bom livro, querer uma sugestão, um “a sério pá, aconselho, é mesmo bom” que nos iria tornar a escolha menos limitada.
Aqui nesta secção, podes saber quais os livros mais recomendados pelos alunos da escola, e finalmente podes decidir-te quanto à obra que vais retirar da nossa prateleira. E dar-lhe (quem sabe?) um lugar de camarote na tua?


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Como esta é a primeira edição, começamos por dar-te a conhecer os livros mais recomendados por alguns dos membros da equipa d’ O Zarolho.
(A sério, podem fiar-se. Nós sabemos ler. E gostamos de o fazer.)

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“OS LIVROS QUE MAIS ACONSELHO SÃO, SEM DÚVIDA ALGUMA, …”

Ana Isabel Machado
«… Ensaio sobre a Cegueira (José Saramago) e Cântico Final (Vergílio Ferreira). Claro que há muitos outros mas estes dois, lidos recentemente, marcaram-me muito e são fascinantes. Posso dizer que, nestas duas obras, o prazer de virar a página e saber o que vem a seguir, é inesgotável! »




Dinis Lourenço

« … Misery de Stephen King e Ensaio sobre a Cegueira de José Saramago, pelo grau de envolvência que têm, por estarem extremamente bem escritos e por serem duas histórias...de terror, arrisco a dizer, espectaculares! »





Ana Brígida Paiva

« … O Grito da Gaivota, de Emanuelle Laborit, e O Mundo dos Outros, de José Gomes Ferreira. Porque sou fascinada, muito mais que pela fantasia, pela realidade: principalmente pelo que estes escritores fizeram com ela. »




Miguel Troncão

« … A Boca do Inferno, de Ricardo Araújo Pereira, um conjunto de crónicas que, sempre no mais alto tom cómico, deitam abaixo tudo o que o autor pensa que não está bem; e O Senhor dos Anéis, de J. R. R. Tolkien esse grande clássico da Literatura Moderna, um dos pontos mais altos da fantasia e do folklore. »



Caroline Persego
« … Mr. Clarinet, de Nick Stone, O Alquimista e Onze Minutos, ambos de Paulo Coelho. Para quem gosta de cenas policiais e mistérios, o primeiro é óptimo! Quanto aos outros, não sei... eu sinto que sempre que leio Paulo Coelho consigo aprender muita coisa sobre os respectivos cenários! »


Pedro Câmara

«... O Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas, por se tratar de um clássico apaixonante, e África Acima, de Gonçalo Cadilhe, por retratar as diferentes culturas do nosso mundo numa perspectiva fiável e atenta.»





João Gramaça
«... A Causa das Coisas, de Miguel Esteves Cardoso: um excelente livro, de leitura agradável que, ainda assim, nos deixa a pensar um pouco no carácter português e no passado e presente do nosso país; Xeque ao Rei, de Joanne Harris: numa atmosfera tipicamente britânica, penetramos no mundo inconfundível dos colégios privados ingleses, a partir de um ponto de vista muitas vezes menosprezado: o do professor. E A Cidade dos Deuses Selvagens, de Isabel Allende: para quem gosta de romances de aventuras, num tom jovem e leve, esta é uma obra quase obrigatória e que aguça o apetite para a restante trilogia.» _______________________________________________________________